
Perdição!

Um galo sozinho não teve uma manha:
Ele precisará sempre de outros galos.
De um que apanhe esse grito que ele
e o lance a o outro; de um outro galo
que apanhe o grito que um galo antes
e o lance a outro; e de outros galos
Que com muitos outros galos se cruzem
os fios de sol de seus gritos de galo,
Para que a manhã, desde uma teia tênue,
se vá tecendo, entre todos os galos.
JOÃO CABRAL DE MELO NETO.
Maior amor nem mais estranho existe
Que o meu – que não sossega a coisa amada
E quando a sente alegre, fica triste,
E se a vê descontente, dá risada.
Vinicius de Moraes.
mas que fazer da alegria,
quando a dor é um rio sem vau?”
Maiakovski.
Molhando a roseira pra desabrochar…
Eugenio de Andrade.
Quero Gestar o Novo.
Quero acreditar que é possível negociar com o tempo, com o medo, e tudo aquilo que ainda não conheço .
Com o que me desafia, e mostra o quanto posso mergulhar nas profundezas do imaginário. Sorrir, sentir a vida de modo, que ela permita -me decifrar os labirintos aos quais ainda me sinto presa.
Ah! Como eu quero.
Quero, fechar os olhos e acreditar nos pequenos milagres…
Quero ver a água nascendo…
Sentir o cheiro de mato fresco,
O vento batendo levemente no rosto…
Ouvir o canto dos pássaros e, estar presente com estes, em cada por do sol.
Quero a certeza das manhãs,
Ouvir a chuva fazendo-me o convite para molhar a pontinhas dos dedos lá fora.
Ah!…eu quero
Sentir o gosto do café recém preparado.
Cheiro de bolo de milho perfumado o ambiente…
Um beijo roubado,
Um sorriso,
Um abraço,
Um olhar sem palavras…
Quero!..
QUERO TUDO!
Quero conhecer as delícias e as dores de modo, a não “desviar o rumo do rio”. Um rio silencioso que corre dentro de mim…
Que inunda os meus pensamentos,
Acalma,
Silencia o meu ser…
Indecifrável, intenso…gigantesco!
Um rio é sempre, um rio,
Independente da adversidade.
Um rio sabe SER GRANDE.
Sabe como se manter vivo no tempo. Por isso, quero levar comigo cada fatia, cada fragmento, cada gota …
Ah, irei negociar!…
Que não fique preso, nem mesmo entre as pedras, NADA. Um único grão de areia…
Serei inteira, e não um punhado de lembranças na história.
Serei a própria história,
Uma janela que se abre
Vem!…
Deixa te mostrar o rio ,
Veja com o é longa a sua travessia.
Marii Freire.
Os sonhos cobrem-se de pós.
Um último esforço de concentração
morre no meu peito de homem enforcado.
Tenho no meu quarto manequins concundas
onde me reproduzo
e me contemplo em silêncio.
João Cabral de Melo Neto.
MARIO QUINTANA.
Você precisa fazer login para comentar.