O ser humano é essa coisa que ele inventa, e entrega ao outro na busca de ser acolhido, de ser recepcionado num tempo de delicadeza. Quisera um modo de pagar todas as nossas dores de maneira menos dolorida. Quisera muitos de nós [ainda], ter o colo de nossas mães como lugar de maior valor a sermos acolhidos quando precisássemos. Quando os excessos da vida surgem sufocando a nossa alma. Mas, não. As vezes, a nossa alma vive a desventura de conhecer ‘ oceanos áridos ‘, e é nesse momento, no máximo daquilo que a vida nos exige – que rasgar-se o coração ofendido e oferece aquilo que temos de melhor: a essência, a paz que carregamos na alma.
Se valorizo
Se dou amor
[Mais amor eu tenho]
Não adianta aspereza, temos que sair da clausura do nosso ser, e inclinar-se ao novo. Claro, acreditando em nossa força, no traje que vestimos por dentro, e mostrando o que temos de melhor em nós, um coração receptivo.
Precisamos ser fortes,
Precisamos ser mais humanos …
…para alcançar com generosidade a beleza da vida, daquilo que é simples, porém…encanta.
Eu prefiro acrescentar um novo final a frase dele:” Sois Anjo que me atenta….e Guarda.”
O Gregório se sentia tentado pelo amor de uma mulher ( D. Ângela). Eu pela literatura, por ela conseguir despertar em mim, como mulher o sentimento cru. Digamos a percepção que poucos têm em adentrar fas contradições da natureza humana.
Convenhamos, a literatura por vezes, acaba nos deixando ofendidos de felizes por diversas razões, dentre ela o despertar da concorrência crítica que a maioria dos seus textos nos revelam.
Imagem pública, porém a frase pertence a minha pessoa. Um ser apaixonado por literatura.
(Caetano Veloso. Warner Chappell Edições Musicais)
A ” Queixa ” de Caetano é também um exemplo de Cantiga de amigo Amigo Medieval, onde revela a postura servil de um homem em relação a mulher ( o ser amado. Ela tem uma certa semelhança com a canção de Chico ( Atrás da porta), porque elas acabam tendo uma sequência que fala de um amor descrito através da canção. É um homem, mas com sentimento feminino.
É incrível isso, rsrs…não tem como não se apaixonar por canções. A narração ali com a presença do trovador. Um ser apaixonado que deseja uma mulher ali no íntimo, mas que tem essa coisa gostosa de nem sempre alcançar. Digamos , que é uma espécie de amor não correspondido.
No fundo, todo esse contexto é criado em cima de uma Vassalagem amorosa.
Ah, desde que comecei a ler, ter intimidade com a Literatura, confesso que sou apaixonada pelo contexto dessa época e toda forma de manifestação do amor que meramente era visto como convencional.
As experiências cotidianas que traduziram e traduzem até os dias atuais, o amor. O sofrimento de um por uma mulher como o que aparece na canção de Chico, mas que no caso, é uma cantiga de amigo.
É um sentimento íntimo sendo expressado de modo decadente, as vezes até chegando ao clímax por conta de algo inacessível. É ao mesmo tempo, a situação de um sentimento colocado para fora, talvez, não vivido por por culpa, ou medo, mas externado porque ali havia uma senhora ( uma mulher casada), que era desejada, mas nem sempre esse objeto de desejo era alcançado. Então, as melodias, faziam parte dessa manifestação do amor.
Quando se fala em Literatura brasileira, e se procura a lista de livros mais lidos/ vendidos no exterior, tem-se os doze autores que aparecem no topo dessa lista, dentre eles
Dom Casmurro ( Machado de Assis)
Guimarães Rosa, Grande Sertão Veredas
Carlos Drummond de Andrade
Graciliano Ramos.
E sucessivamente, temos aí uma série de outros autores. Claro, não deixando de lembrar do Paulo Coelho vive o auge da Literatura no exterior. Logo depois, tem-se os mais variados gostos dentro dessa lista, e aparece desde livros de autoajuda (Augusto Cury), até Cinquenta Tons de Cinza.
Todavia, qual é a minha observação? Veja, apesar desses outros livros suprir a necessidade do mercado, eles eles não conseguem torna-se seculares, como é o caso de Machado de Assis (1839- 1908). Que é, inclusive o nome mais conhecido no exterior, traduzido em diversas línguas .
Evidentemente, conclui-se que os outros nomes destacam-se por se alcançar um maior número de publicidade. Muitos livros fazerem parte de um público voltado ao cinema, por exemplo. Podemos dizer que em termos de comparação ao momento histórico, eles mostram essa ineficiência, ou seja, tem um tempo de vida estipulado . Mas, não são clássicos como é o caso de Machado de Assis e Guimarães Rosa que são considerados gênios da nossa literatura.
Camões, nada mais do que Camões para nós deliciarmos da complexidade do amor.
Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói e não se sente
É um contentamento descontente
é dor que desatina sem doer.
É um quer mais que bem querer;
É um andar Solitário entre a gente;
É nunca contentar-se de contente,
É um cuidar que se ganha em se perder
É querer está preso por vontade;
é servir a quem vence , o vencedor
é ter com quem nos mata , lealdade
Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
[se tão contrário a si é mesmo o Amor ].
Luís de Camões.
É sem dúvida, uma linguagem apaixonante declamada nessas letras . As cantigas medievais, além de belíssimas, elas têm essa característica própria do amor, do respeito e da lealdade a um sentimento inerente à natureza e condição humana.
Há um confronto, e ao mesmo tempo uma espécie de vassalagem ao ser amado. A entrega que surge a partir de uma intimidade afetiva, como citei logo acima, a postura servil é muito presente nos textos medievais.