[…]
A moldura deste retrato
em vão prende suas personagens.
Estão ali voluntariamente,
saberiam – se preciso- voar.
Poderiam sutizar-se
no claro- escuro do salão,
ir morar no fundo dos móveis
ou no bolso de velhos coletes.
A casa tem muitas gavetas
e papéis, escalas compridas.
Quem sabe a malícia das coisas,
quando a matéria se aborrece?
O retrato não me responde,
ele me fita e se contempla
nos meus olhos empoeirados.
E no cristal se multiplicam
os parentes mortos e vivos.
Já não distingo os que se foram
dos que restam. Percebo apenas
a estranha idéia de família
viajando através da carne.
Carlos Drummond de Andrade. Retrato de família. A Rosa Do Povo. Círculo do Livro. São Paulo, 1945
Marii Freire Pereira
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Imagem: Pinterest. plus.google.com
Santarém, 3 de fevereiro de 2021
Maravilhoso Marii! Feliz Páscoa!
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Feliz Páscoa, Filipa!!🌻
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☀️🐰🌻🐣
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