Como criança que veio ao mundo
Chorei
Com os olhos ardentes
Inchados
Suspiro
Em busca de ar
Gozado, mais passar por um orifio apertado
É doloroso.
Deixar o útero de pedra ( resistência)
É doloroso.
Como é violento o ato de nascer
De esmagar a cabeça numa travessia estreita
Respirar
Respirar profundo
E ouvir o próprio choro
O choro é sempre pela liberdade
De ser criança.
O que assusta não é o choque
Não é o tapa na bunda
O mais dolorido é cortar o cordão umbilical
Nesse ato
Não se deve mais nada a vida
Isso é tão claro!
As entranhas ficam nas lembranças
Elas são o nosso escudo
Sabem tudo de nós
Cega é a memória
Que só nos derraruma
Quando precisamos reiventa a vida
Sem que ninguém nos convide, ela nos empurra nas suas nossas travessias escuras
E como criança que acaba de nascer
Choramos novamente.
Marii Freire Pereira
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Imagem: Pinterest. The Empowered Mama Project.
Santarém, Pá 15 de outubro de 2020