Morrer
Morrer de corpo e de alma.
Completamente.
Morrer sem deixar o triste despejo da carne,
A exangue máscara de cera,
Cercada de flores,
Que apodrecerão – felizes!- num dia,
Banhada de lágrimas
Nascidas menos da saudade do que do espanto da morte.
Morrer sem deixar porventura uma alma errante…
A caminho do céu?
Mas que céu pode satisfazer teu sonho de céu?
Morrer sem deixar um sulco, um risco, uma sombra,
A lembrança de uma sombra
Em nenhum coração, em nenhum pensamento,
Em nenhuma epiderme.
Morrer tão completamente
Que um dia ao lerem o teu nome num papel
Perguntarem: ” Quem foi?…
Morrer maus completamente ainda,
Sem deixar sequer esse nome.
Manuel Bandeira. A Morte Absoluta.
escritas.org
Marii Freire Pereira
https:// pensamentos.me/ VEM comigo!
Imagem: Pinterest. Revista Prosa Verso é Arte.
Santarém, Pá 4 de outubro de 2020
Viver como se fosse morrer daqui a pouco.Viver o melhor possível cada experiência e,qdo baixarmos ao túmulo, nosso Espírito já tenha voltado ao mundo correspondente…
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Grata pela a sua gentil manifestação, amiga!
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