Camões, nada mais do que Camões para nós deliciarmos da complexidade do amor.
Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói e não se sente
É um contentamento descontente
é dor que desatina sem doer.
É um quer mais que bem querer;
É um andar Solitário entre a gente;
É nunca contentar-se de contente,
É um cuidar que se ganha em se perder
É querer está preso por vontade;
é servir a quem vence , o vencedor
é ter com quem nos mata , lealdade
Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
[se tão contrário a si é mesmo o Amor ].
Luís de Camões.
É sem dúvida, uma linguagem apaixonante declamada nessas letras . As cantigas medievais, além de belíssimas, elas têm essa característica própria do amor, do respeito e da lealdade a um sentimento inerente à natureza e condição humana.
Há um confronto, e ao mesmo tempo uma espécie de vassalagem ao ser amado. A entrega que surge a partir de uma intimidade afetiva, como citei logo acima, a postura servil é muito presente nos textos medievais.
Criação: Marii Freire
Literatura brasileira
ATUAL Editora/2013
