” Consistência, ousadia e uma vontade de vencer incrível, tem me guiado nessa luta”
Se eu disser que é fácil trabalhar o tema Violência Contra a Mulher, digo que não. Na verdade, essa proposta é desafiadora, porque você toca num tema delicado e necessário, e que para ser visto, precisa de uma sensibilidade especial das pessoas, da sociedade, governo. Enfim, da ajuda de todos para se ter um bom resultado. O problema da violência é que ela é naturalizada. Então, querendo ou não, existe uma certa aceitação desta na sociedade. Embora, muita coisa venha mudando nesse sentido, principalmente, no que diz respeito às mudanças culturais e sociais, além do que a lei abraça nesse sentido, ainda vemos muita resistência da mulher. Quando você lida com uma situação espinhosa como essa, onde o homem- Maior agressor da mulher se sente incomodado quando você toca no problema, porque ele também te agride ( não todos! Mas alguns certamente), é que se percebe como existe uma força silenciosa que trabalha para que essa realidade não seja exposta. A impressão que se tem é a de que, o silêncio, tido como ” grande aliado de quem pratica tamanha brutade” é um caminho promissor que deve ser desvendado, ou no mínimo revisto, porque quando a mulher tem coragem de rompê-lo, é onde também se descobre os seus machucados. Então, trabalhar esse tema é muito importante para que a mulher possa viver com segurança.
” Muitas mulheres continuam morrendo anualmente nas mãos de seus parceiros “
Essa realidade é um fato incontestável, não é a Marii que está afirmando. São os índices da violência que revela isso. É importante ressaltar que ” há uma relação de confiança ” entre a mulher que sofre violência e seu agressor. Ele ou ela, no caso, porque a violência também pode acontecer em relação a uma mulher à outra, ou um homem em relação a outro, compreende? Existe uma ligação afetiva muito forte entre quem pratica e sofre abusos, maus tratos ou violência propriamente dita. Quando se diz que a confiança é uma via de acesso entre agressor e vítima, se fala dessa troca pautada nos sentimentos e a confiança gerada a partir disso. Quando vemos historias de mulheres sofrendo há anos, logo se imagina o porquê dela não renunciar o próprio sofrimento; é porque na maioria das vezes essa mulher ama esse homem, e que mesmo a fazendo sofrer, ela vai tolerando. O medo da perda do ser amado é real, por isso ela se cale. Ou talvez, isso ocorra por outros motivos como: a dependência financeira e emocional, vergonha, a não exposição é bastante comum nesses casos.
” Toda relação que é desequilibrada, ela tende convergir para o sofrimento interminável “
A mulher que passa por isso, ela imagina ” não, esse homem não está num dia bom, por isso agiu dessa forma comigo”, vamos supor esse pensamento. Então, diante de uma briga onde se extrapola limites, ele agride essa mulher, o que ela faz? Simplesmente, ela ” perdoa” ou ” aceita” – quando tem um ” pedido de desculpas ” do parceiro abusivo, o que faz com ele, venha se tornar muito mais confiante, já que sabendo que ela irá sempre perdoá-lo por qualquer falha nesse sentido. É justamente a confiança desse homem que faz o problema possa se estender – e o sofrimento se tornar interminável, porque a violência silenciada, é uma violência consentida. Como dito anteriormente, a sociedade acaba encarando o problema com uma certa naturalidade. Infelizmente, isso vem sendo passado de geração para geração. É muitas vezes, abdicando os próprios direitos que a mulher consegue viver com um homem, e que ele sendo o principal conhecedor disso, abusa do amor e carinho dedicado a ele. São relações desequilibradas, doentias que se repetem com frequência, e que adoece o casal. A gente sabe, nenhum relacionamento deve ser dessa forma, porque isso impede que os parceiros e filhos também não consiga viver em harmonia. A real intenção de se construir um relacionamento é que este seja saudável; do contrário não vale a pena. O intuito maior é o amor, o respeito mútuo que cada pessoa deve nutrir pelo outro. A medida que se percebe a ausência disso, ele parte para o que é doentio.
Eu trabalho esse tema já algum tempo, e isso faz com que conheça essa realidade de perto. Claro, não só conhecer, mas também compreender porque é tão difícil a mulher não ter forças para sair de uma relaçãoabusivapor exemplo. Muitas vezes ela se deixa envolver pelo apoio emocional do parceiro ou parceira que promete mudar, e a gente sabe que não muda. Claro, também não se pode cometer exageros, ele ou ela, até mudam, mas quando querem, quando compreendem que realmente precisam mudar, não porque a pessoa que estar ao lado pede por essa mudança. Nesse caso, dificilmente acontece. Mas creio que qualquer um pode se ajudar, assim compreendo. A gente faz por nós, e as vezes, pelo outro também. Dependendo do amor é do quando essa pessoa tenha valor em nossas vidas, sempre é possível melhorar. Ninguém merece viver com violência.
Eu sempre fico muito feliz quando vejo que uma mulher consegue romper com o ciclo da violência, quando ela pede ajuda e diz que não deseja mais viver aquela situação. Neste caso, vejo que é a decisão mais correta que ela toma. Ora, imagina passar uma vida inteira sofrendo abusos e maus tratos em nome do amor? Não pode, é muito sacrifício em nome de tão pouco. “O amor é algo para ser compartilhado, ter respeito e consideração pelo outro, é o mínimo que uma pessoa deve ter em mente quando escolhe alguém”. Não tem que doer, não tem que machucar para provar o seu valor, nem tão pouco, abraçar o que muitos compreendem como amor. Definitivamente, não é amor se faz foer, pode ser qualquer coisa, dependência emocional, menos amor. Outro detalhe importante é que me deixa contente, é quando algumas dessas mulheres me agradecem por ajudá- las sair desse tipo de relacionamento. Aqui, digo que é bom demais. É ela, é a mulher que colocará fim a violência, como? No dia a dia, na coragem que ela tem para romper com o ciclo abusivo, e quando denuncia. O resultado disso tudo reflete na saúde da mulher como um todo. E mais:
” Ver o meu trabalho ganhando reconhecimento do público é muito gratificante “
Como eu disse no início do texto, trabalhar com o tema violência é uma proposta desafiadora, porque precisa de consistencia e ousadia. Por isso, a dedicação é diária. E o que faço é o mínimo, porque também sou mulher e compreendo a dor das outras.
Marii Freire. Violência Contra a Mulher
https://Pensamentos.me/VEM comigo!
Imagem ( crédito: Marii Freire)
Santarém, Pá 2 de fevereiro de 2023

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