Marii Freire

Nesse culto que temos em, crescer, se reproduzir e morrer, fazemos tanta coisa interessante. Conduzir, soma os atos, tem filhos, criar, empurrá-os para o caminho da felicidade. Claro, não é uma certeza, mas no fim, se deixa tudo preparado para que ultrapassando os desafios impostos pela vida, esse seja um mérito alcançado por eles. E quanto a nós, já amadurecidos? O que resta? Quem vai viver a vida por mim e por você? Parece que estamos sempre empurrando a vida para o sacrifício. Somos tiranos dentro de nossas próprias condições, pode até nos faltar consciência sobre isso, mas somos. Talvez por conta desse e tantos outros detalhes, a nossa alma viva inquieta, cheia de coisas que ” não fazem sentido”, ou no fundo, a gente se sinta menos capaz por não conseguir dar sentido a vida.
Cecília Meireles escreveu em ” Ou isto ou aquilo” algo muito interessante, e que aqui, decidi dividir vocês:

“No último andar é mais bonito:
do último andar se vê o mar.
É lá que eu quero morar…”

Será que “o nosso refúgio é no último andar?” Tenho receio quanto a sua resposta, talvez ela tenha surpresas desagráveis em se tratando de futuro. Ora, o único tempo que temos é este. O futuro também pode ser a nossa existência em procurar se entender, ao invés de querer entender o sentido da própria existência. A única garantia que se tem em relação a vida, é o momento presente. As nossas ideias valem para ” o agora”, depois elas se tornam ultrapassadas, os livros empoeirados ficam torcendo para serem abertos por outras pessoas. E eu te pergunto ” O que você viveu até aqui, valeu a pena?” Vamos, se pergunte em que sentido. Pediu proteção ao Sagrado, aprendeu sobre Justiça, amor, valores éticos e morais? Afinal, qual é o custo de tudo isso? Estranha essa nossa maneira de viver ” engessada”, mas desde a infância, a gente percebe que tudo se apresenta assim. Veja, só se recebe algo significativo, importante e valioso, na próxima etapa da vida se nos adequarmos às regras. É um primor viver na aparência da total adequação, desde o vestuário, a sua paciência é treinada, mas só somos de verdade quando fechamos a porta de nossas casas. Parece que a tal felicidade é na verdade uma ” isca” para se alcançar. Apesar disso, digo de “uma vida com rotina cansativa”, o olhar sobre as nossas próprias paixões nos lança a viver aventuras estimulantes. Não sei se o resultado de tudo isso compensa, mas pelo menos, os consultórios estão cheios de personagens que esperam tratamento. Sim, pois no final de toda essa história, somos nós que os inventamos para sobrevivermos a dura realidade.
Contudo, entre uma coisa e outra, imagine que viver de forma mais simples seria tão mais significativo do que sentir todo esse cansaço. Talvez, não se gastasse tanta energia para se descobrir que antes do último andar, a vida também acontece de forma simples e maravilhosa.

Marii Freire. Último Andar

https://Pensamentos.me/VEM comigo!

Imagem ( Autoral)

Santarém, Pá 31 de janeiro de 2023

Publicado por VEM comigo!

Bacharela em direito, Pós- graduada em Direito Penal e Processo Penal.

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