A violência psicológica não deixa marcas na pele, como ocorre com a violência física. No entanto, ela deixa vestígios de abuso e tristeza que podem ser facilmente notados através de boa construção perceptiva, digamos ” um olhar mais atento sobre a pessoa que sofre com o problema. Pode- se dizer que cada pessoa, cada mulher em especial, tem uma maneira própria de mostrar isso através de seus comportamento.
. Aparência/ traços observáveis: o olhar; o olhar entrega o estado emocional, geralmente carregado de uma profunda tristeza.
. Concentração, a mulher tem mais dificuldade em fazer algo, ou interagir. Você percebe que ela se mostra mais retraída.
. Raciocínio, a pessoa que sofre abusos psicológicos geralmente ficam reativa a certas emoções. Então, o olhar ou mesmo a questão emocional, mostra um certo desequilíbrio no comportamento dessas vítimas.
Um exemplo: se uma mulher vive um relacionamento doentio, ou seja, aquele que tem a presença da violência doméstica inserida no contexto diário dessa mulher, ela irá apresenta a ampliação de um processo de sofrimento que no primeiro momento, a consume. Veja, ela não vai abrir isso para as outras pessoas, até mesmo porque, para proteger o seu objeto de desejo, ou seja o seu amor. Sim, a mulher vai ” guardar” aquele abuso psicológico sofrido por parte do companheiro, justamente para preservar a relação. Afinal, existe além do medo da ameaça, também a esperança de que esse homem mude, inclusive, volte a ser aquele ser por quem outrora, despertou a admiração dela. É muito comum a vítima lutar pela própria sobrevivência dentro da relação que se sustenta nesse problema. Entre muitas outras coisas, há a buscar soluções por parte dela, a partir de hipóteses de uma realidade não observada; não observada pelo menos como deveria, porque para se manter dentro da relação, essa vítima terá que renúncia na maioria das vezes o seu direito de mulher.
É muito comum que pelo próprio estado de paixão, a mulher demonstre ternura, mesmo diante de situações onde ela sofre manipulação, como ocorre no abuso psicológico. Um exemplo claro disso é que, um casal pode viver essa situação durante muito, onde um ter que aceitar o ” alinhamento emocional ” imposto pelo outro para garantir um pouco de paz. É como se essa mulher deixasse de viver a própria vida, para viver a vida, os desejos e sonhos do parceiro. Então o que acontece na prática, é ela desce um pouco o nível do próprio valor para ser bem vista no padrão do outro, ou seja, no que o homem coloca como correto pra ele, não significa que seja para essa mulher, porque se a conduta dele traz algum desconforto para o casal na relação, no caso, existe uma certa negligência emocional da parte dela, que acaba vendo o que não é bom para si, mas se submete a um sofrimento desnecessário. E aí, é muito triste porque para um passo maior que é a violência física, falta muito pouco.
Vítimas de suas próprias criações:
Até que ponto vai a dimensão do amor? Dependende do amor, da relação e a violência com que uma mulher pode ser tratada. Não justifico a violência, mas o grande desafio para a mulher, é justamente sobreviver ao caos. É como o mundo dos répteis, o mais hábil sobrevive se permanecer firme diante dos desafios. Se a gente for olhar para a história da mulher diante desse horror, muitas sobreviventes conseguiram contar que “o amor é paciente e tudo suporta”. Não sei afirmar com certeza se todas suportariam. Creio que não. Hoje, temos leis para conter essa realidade perversa. Além disso, o amor não é negócio, mesmo o casamento sendo um contrato.
É preciso compreender que as pessoas têm que estar com a outras, porque amam mutuamente aquela companhia, e por compreender que, o amor precisa ser um sentimento leve, gostoso, de amizade e cumplicidade. Tudo aquilo que foge disso, é meio caminho para o sofrimento. É importante ressaltar que, nenhum é mais importante do que o outro, você tem que saber que amor não é ter que medir forças, amor é enlace, é desejo de construir sonhos juntos, por isso que as pessoas são livres para escolher a quem amar. Amor não é imposição, não é ter que fazer o que eu quero e da forma que desejo. Não, é preciso haver conciliação de ideias, de comportamento para que a relação seja saudável para ambas as partes. Amor é escolha.
Marii Freire. Traços da violência psicológica na vida de uma mulher
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Imagem ( Autoral)
Santarém, Pá 28 de janeiro de 2023

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