Carlos Drummond de Andrade

O amor antigo vive de si mesmo,

não de cultivo alheio ou presença.

Nada exige nem pede. Nada espera,

mas do destino vão nega a sentença.

O amor antigo tem raízes fundas,

feitas de sofrimento e de beleza.

Por aquelas mergulha no infinito,

e por estas suplanta a natureza.

Se em toda parte o tempo desmorona

aquilo que foi grande e deslumbrante,

o antigo amor, porém, nunca fenece

e a cada dia surge mais amante.

Mais ardente, mas pobre de esperança.

Mais triste? Não. Ele venceu a dor,

e resplandece no seu canto obscuro,

tanto mais velho quanto mais amor.

Carlos Drummond de Andrade. O Amor Antigo

ANDRADE, Carlos Drummond de. Seleção de textos, notas, estudos biográfico e crítico por Rita de Cássia Barbosa. 3° ed. Nova Cultural São Paulo, 1990

Marii Freire

https://Pensamentos.me/VEM comigo!

Imagem ( Arquivo pessoal)

Santarém, Pá 3 de dezembro de 2022

Publicado por VEM comigo!

Bacharela em direito, Pós- graduada em Direito Penal e Processo Penal.

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