VOLTA- SE A MIM como a uma casa velha
com pregos e ranhuras, e assim
que alguém cansado de si mesmo,
como de um traje cheio de buracos,
tenta andar despido porque chove,
quer o homem molhar-se na água pura,
no vento elementar, e não consegue
senão voltar ao poço de si mesmo,
à minúscula preocupação de se existiu,
de se soube expressar-se
ou pagar ou dever ou descobrir,
como se fosse tão importante
que a terra com seu nome vegetal
tenha que aceitar-me ou não aceitar-me
no seu teatro de paredes negras.
Pablo Neruda [ VOLTAR-SE A MIM…]
Pablo Neruda. Últimos Poemas. Edição Bilíngue. Tradução: Luiz de Miranda. Porto Alegre, RS. L& PM, 2018
Marii Freire Pereira
https://Pensamentos.me/VEM comigo!
Imagem: pinterest/ Tempo da Delicadeza
Santarém, Pá 8 de julho de 2022

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