Normalmente se costuma dizer que ” O que Deus uniu, o homem não separa” separa. Separa porque tudo ao redor da relação é cercado de silêncio e mentiras – o que é comum- em todo término de relacionamento amoroso. Mesmo diante de situações onde há consenso entre as duas partes, ainda assim haverá uma sensibilidade maior, por parte de um dos parceiro que se sinta prejudicando de alguma forma. A quebra do vínculo afetivo, geralmente é dramática. Dessa forma, para quem foi omisso ou mesmo negligente, existe sempre um impacto forte, porque gera um sentimento de culpa, constrangimento e outras situações que fragiliza geralmente, aquele que fica digerindo os excessos.
Claro que situações dramáticas são observadas em qualquer tentava de resgatar a memória do que foi vivido outrora. A separação é uma decisão dolorida. E, o pior é que não se encontra muita compreensão nessas horas. A mulher torna-se estigmatizada, não só pela sociedade, mas por quem lhe deveria dar apoio: integrantes da família. A família que é a parte acolhedora, também é aquela que repudia muitas a decisão de uma mulher quando ela resolve se separar.
Bem, eu Marii Freire Pereira, obviamente, estou usado esse espaço para falar da minha vida pessoal por uma necessidade que ocorreu por conta da minha separação. Eu levei um mês para escrever a respeito do ocorrido, porque havia a necessidade de expor essa parte da minha vida. Eu sou uma mulher de 43, inteligente, segura, mãe de duas filhas, e que escrevo nesse blog há dois anos. Portanto, tudo o que estou escrevendo nesse espaço, estou fazendo de forma consciente. Todos me viram durante anos com uma aliança no dedo, e hoje eu não a carrego mais. O motivo? O término do meu casamento. É sobre isso que quero falar.
É natural que muita gente diante de uma situação assim, não queira se expor, se cale ou não der satisfação alguma. Mas, eu praticamente, tenho uma vida pública. Eu escrevo, faço vídeos sobre violência contra a mulher, falo para elas não deixarem de lutar por seus direitos. E o meu silêncio não cabe diante dessa situação. Entendo que é comum, por parte da mulher, às vezes calar por vergonha, medo de se expor e ter que “passar pela régua moral” do julgamento da sociedade. Eu não posso alimentar esse pensamento sob qualquer alegação que possa caber nesse sentido. A mulher muitas vezes, por ser considerada como a parte frágil da relação, ela ” se encolhe no seu mundo particular ” e acaba internalizando muita coisa, o que não pode. Eu sempre incentivo falar. Creio que é necessário sim, ter essa compreensão, e saber interpretar as suas demandas emocionais, suas dores, lamentações e, conseguir externar isso, sem exageros ou culpa de nada. Calar-se é privilégiar o ex-companheiro de se submeter também a julgamentos. Ora, num término de relação, há responsabilidades entre ambas as partes. Uma relação não acaba no momento em que duas pessoas se sentam frente à frente e conversam. Não, isso começa pequeno e chega ao ponto de não haver conserto. Primeiro, precisamos compreender wue “relação nenhuma tem a obrigação de virar um conto de fadas “. Por isso, existe a necessidade de romper o silêncio. Este, certamente, é em prol do que precisa ser exposto de forma clara.
” Relacionamento é construído a dois, mas ele termina sempre de forma unilateral. “
Eu vivi um relacionamento de trinta anos, com o meu ex-esposo, Cléverson dos Santos Pereira. Destes trinta anos, vinte e dois foram de casada. Tivemos duas filhas lindas, momentos bons, como todo casal. Mas, depois de alguns anos, surgiram os problemas e nos três últimos anos próximo a esse término, as divergências se tornaram muito maior a ponto de exigir mais da minha parte por ter que cuidar sozinha das minhas filhas, já que ele trabalhava em outra cidade próxima a que residiamos; vindo para casa de trinta em trinta dias. Eu fiquei sobrecarregada pela sucessividade das funções que dava conta sozinha. Diante dessa realidade, eu disse que já não queria mais aquela relação. Afinal, eu estava dando o máximo de mim de forma integral a tudo. O conceito de maternidade e paternidade diante das responsabilidades que eu administrava, ao meu entender, era o mesmo, ou seja, eu era ” pai e mãe ” das nossas filhas. A proteção maior, assim como a segurança quem dava a crianças, era eu. O amparo legal era ele. Mas a força bruta se destinava a minha pessoa. Além do desgaste da relação que é natural com o passar dos anos, eu tinha questões que me angustiavam muito. Eu não conseguia alavancar na vida profissional porque a prioridade era elas, e a maternidade é algo que nos exige muito. Por outro lado, ele parecia compreender que expandir também era uma necessidade minha.
Obstaculizar esse direito pra mim, era só ajudá-lo a crescer. Mas o fato de não consegui progredir era algo acarretava dano emocional a minha pessoal. O pedido de separação foi, certamente, só uma maneira de formalizar o que era gritante na relação. Todavia, nós nunca tínhamos nos sentados para conversado sobre o término, nem o que seria feito daquele momento em diante. Nos quinze anos da minha filha mais velha, foi que houve essa conversa ocorreu. Eu, não sabia, mas ele já havia estabelecido uma nova relação com outra pessoa sem me comunicar. Eu fui “descortinando” essa história sozinha. Após eu pedir a separação, uns dois ou três meses antes dessa conversa, eu disse para que ele seguir a sua vida, porque eu estava vendo que ele já tinha colocado isso em prática. No dia da nossa primeira conversa, eu fiquei emocionante abalada, porque toda separação exige muito de nós. Eu pensei nas minhas filhas, e no quanto isso iria mexer na estrutura psicológica delas também, e pedi a ele um tempo para organizar a mente, e por as coisas em ordem. Da mesma forma, fizemos um trato onde, onde eu continuaria com a aliança no dedo. E, a partir daquele momento, disse que se ele fosse assumir publicamente outra relação, me comunicasse, pois eu tiraria a aliança. Prontamente ele aceitou, e retornou a cidade onde trabalha. Até então, eu não havia comunicado a ninguém da minha família sobre o ocorrido. Todavia, no dia trinta de maio, ele me disse que estava namorando alguém, eu não sabia que ele tinha refeito a vida de uma maneira tão célere. Um mês antes, quando tivemos pela primeira a conversa sobre o término, ele disse que tinha protelado a separação, ou seja, adiado. Eu passei um mês [ ainda], com a aliança no dedo cumprindo o trato feito de maneira [consciente] por ambas as partes. A partir do momento que fui comunicada que ele estava namorando alguém, eu “o parabenizei, desejei felicidades” e cumprir o que havia combinado, ou seja, “tirei imediatamente a aliança do dedo”, coloquei-a sobre a mesa e comuniquei a minha família que havia chegado ao fim a nossa relação. Pedi para que ele comunicar às nossas filhas de imediato, como cumpri a minha parte no acordo. Certamente, eu não iria assumir essa responsabilidade sozinha. Ele exitou no primeiro momento, afirmando que não iria fazer aquilo, porque não queria macular a própria imagem diante delas. Foi quando eu disse que ele iria fazer sim. Como houvesse resistência novamente da parte dele, eu mostrei as conversas à elas, o que foi doloroso. Mas, ele tinha que assumir a sua responsabilidade de pai e homem naquele momento. Eu tive um temperamento explosivo, mas uma conduta correta diante das minhas filhas, assim como de minha família. Eu não podia levar adiante uma farsa para protegê-lo. Havia um acordo, onde eu cumpri até o fim. Me calar seria consentir, anular a mim mesma, diante daquela situação. Como quem descumpriu o trato foi ele, que tivesse coragem para responder por suas escolhas.
Como mulher, não vou deixar de falar o que aconteceu, é minha vida. Até outro dia, eu estava casada. Hoje, publicamente, as pessoas sabem que estou separada. Tenho duas filhas lindas. Como mãe e mulher, eu vou procurar ser a melhor amiga delas, ajudá-las no que for preciso. A separação é um grande aprendizado, certamente. O que se sabe é que, cedo ou tarde, ela ocorre na vida dos casais. E, o que é engraçado é que o dito que diz que ” O deus, une, o não homem separa”, separa. É preciso ter consciência do término. Quando um casamento chega ao fim, se percebe que o que foi solenizado pela religião, se desfaz. O casamento não é algo que nos ” amarra ” ao outro de forma definitiva. Agora é preciso ter consciência e responsabilidade sobre ” as feridas abertas” – e o que isso pode causar no outro. O interesse de sair ileso, não deve beneficiar só uma parte, e tendo filhos, há uma necessidade maior de avaliar previamente toda essa questão, porque ela atinge a todos.
Quanto ao sonho do amor eterno, se os casais não tiverem cuidado, tudo pode virar um jogo de manipulação, onde existe a disputa entre a guarda dos filhos. Em geral, estes, ficam sob a guarda materna. Cabendo ao pai a obrigação de pagar alimentos, assim como direito as visitas. O pai delas tem total liberdade de visitá-las e ficar com elas quando quiser. Creio que os filhos nunca podem ser reféns de nossa vontade. A maior preocupação é sempre com os sentimentos e as necessidades deles ( delas) , no caso.
Quanto a pessoa da Marii, ela segue firme e forte. Claro, continuarei ajudando outras mulheres – O meu trabalho é voltado à violência contraa mulher. O que se sabe por exemplo, é que em muitas situações que envolvem separação, essas mulheres não têm tempo para “se refazer”, porque de maneira trágica, encontram nas mãos de seus companheiros, “um triste fim”. Nem sempre uma mulher tem o direito de ficar em paz com os filhos. Geralmente, ela é morta, ou se torna refém do controle do ex-marido ou companheiro. O que não é o meus caso. Todavia, a minha voz será sempre por justiça. [ ainda] que no meio de tantas.
É preciso nos manter sadias, assim como ter equilíbrio emocional, autoconhecimento e amor próprio para cuidar de nós, e daqueles que amamos- filhos. ” Filho é um rebento que se procura sacralizar “, independente de qualquer situação que ocorra em nossas vidas. E como afeto não tem limites, “amemos aqueles que são frutos nossos.”
Marii Freire Pereira
https://Pensamentos.me/VEM comigo!
Imagem ( crédito: Arquivo Pessoal)
Santarém, Pá 3 de julho de 2022

É minha amiga, a vida e suas tantas histórias… você é uma pessoa maravilhosa e um mulher forte, nenhum vento te abalará, por mais difícil que pareça neste momento,eu sei! Parabéns pela transparência e felicidades com suas filhas lindas! 💕🍀🌹
CurtirCurtido por 2 pessoas
Obrigada pela riqueza das palavras, Mágica. A mulher tem que ser forte, o tempo todo. Muito nos julgam sem conhecer verdadeiramente a nossa história. E essa força, certamente, vem de geração em geração. É ela que nos conecta uma as outras, dando sentido a nossa essência. E, de certa forma, nos mantém vivas, conscientes de nosso papel. Sem ela, não daríamos vida nem ao imaginário […]. É no dia a dia que, conseguimos vencer cada obstáculo.
Gratidão!🙏🌻❤
CurtirCurtido por 1 pessoa
Amém para todas nós minha querida 🙏🌺💓
CurtirCurtido por 1 pessoa
🙏🙏🍃
CurtirCurtir
Republicou isso em Ned Hamson's Second Line View of the News.
CurtirCurtido por 1 pessoa
Parabéns pela sua coragem Marii! ❤❤❤ Você é um exemplo de força, resiliência e superação. Bravo! Siga em frente…sempre!
CurtirCurtido por 1 pessoa
Obrigada Filipa!..
Nós mulheres temos força, somos resilientes!..🙏🙏🙏❤
CurtirCurtido por 1 pessoa
Muita força, Marii!
Eu estou passando pelo mesmo. Eu tive a coragem de pedir o divórcio que ainda rola.
Já chorei muito. Sinto vários sentimentos ao mesmo tempo. Por vezes, choramingo ainda.
Toda separação é triste, e se tem traição é ainda pior.
Se vc soubesse a minha história, vc choraria comigo. É muito triste a minha história. ,Não tem violência física, mas é demasiada riste.
Ainda hj no trabalho pensei que não merecia. Eu não merecia.
Vou parar, pois já me veio as lagrimas.
Também tenho 2 rapazes que são meus orgulhos.
Um abraço!
CurtirCurtido por 1 pessoa
A separação mexe muito com o psicológico, bombardeia na verdade todo o nosso íntimo. A mulher sempre vai procurar as respostas que precisa no passado. Ela se culpa…”por uma culpa que não existe”. Eu sempre digo na maioria dos meus vídeos que ” relação é construída a dois”. Não existe relacionamento unilateral. Todo casal, passa por momentos difíceis. Porém, a responsabilidade do sucesso da relação é de ambas as partes. Eu não sofri violência também. Mas por estudá-la e conhecer diversos casos ( trabalho com o tema), não me deixei envolver em jogos psicológicos abusivos.
A questão atrelada “a culpa” sempre recai a quem se doou menos. Os casais gostam muito de “apontar o dedo na cara do outro…”, o que faz surgir o carrasco da relação. Não, eu não me isento de nenhuma responsabilidade, assim como não respondo pelos atos do meu ex- esposo. Isso vale pra você, Silvana. Não se culpe, e nem tente responder pelas ações do seu ex- marido. O que resta agora é, cuidar de você, não sobrecarregar o psicológico, mas tentar aliviar o peso dessa situação. Lamento por você, não pela separação. Relacionamento ruim tem que acabar. Logo você estará bem, e terá capacidade de olhar para essa situação de uma maneira consciente. Acredite: tudo é possível no tempo certo.
Cuide-se!!
CurtirCurtido por 1 pessoa
Eu só quero que todo esse processo jurídico acabe logo. É isso que falta agora.
Eu não gosto quando dizem para eu procurar outro relacionamento. Eu amei de verdade, eu fui honesta, eu me doei. Eu tinha um plano de vida. Um novo relacionamento não existe. Eu só quero continuar a levar o barco com os filhos, e ter mais atenção para mim. A minha história é muito triste. A quem conto diz o mesmo. Outros sei que me culpam por ter sido tola.
Eu vou em férias só com meus filhos pela primeira vez. Isso vai ser difícil. Há um buraco que eu não pensava que ia acontecer.
Eu descobri tb que tenho uma força que eu não sabia que tinha, uma coragem que eu não sabia que tinha. Penso muito na minha falecida avó que era forte. Ainda tenho minha mãe que é minha força.
Eu tb não gosto qdo falam em fazer terapia. Cada pessoa é única, e eu sei que carregarei essa tristeza até o ultimo dia. Nenhuma terapia ou remédio ajudará. Lá estou chorando novamente.Vai doer para sempre. Há dias que por um minuto, há outros que é todo o dia. Eu não merecia.
CurtirCurtido por 1 pessoa
Esse processo que você vive é o luto. Sim, sofra…chore, chore tudo, chore até esvaziar a última lágrima. Não precisa de terapia. Há situações que são íntimas demais e não tem psicológico que arrume a bagunça que só nós podemos organizar. É no dia a dia que você colocará cada coisa na sua devida gaveta […]
Não se cobre por ter sido boa. Essa é uma qualidade sua. A mulher, culturalmente, carrega esse peso de suportar uma relação até no último segundo, mesmo que para isso, ela engula muita coisa que a deixa descontente. É o que eu digo ” NÃO PODE!”. Você não é marionete na mão de ninguém. Quer ir embora? Ótimo vai!..
Nesse momento olhe você, mas da maneira correta, sem culpa.
Cuide-se!
CurtirCurtido por 1 pessoa