Pablo Neruda

Andando pelas areias decidi te deixar.

Pisava um barro escuro

que tremia,

me atolando e saindo

decidi que saíras

de mim, que me pesavas

como pedra cortante,

preparei tua perda

passo a passo:

cortar tuas raízes,

soltar-te só no vento.

Ai, nesse minuto,

coração meu, um sonho

com asas terríveis

te cobria.

Te sentias tragada pelo barro,

e me chamavas, mas não te acudia,

tu ias imóvel,

sem te defender

até que te afogavas na boca da areia.

Depois

minha decisão encontrou teu sonho,

de dentro da rotura

que partia nossa alma,

surgimos limpos outra vez, desnudos,

nos amando,

sem sonho, sem areia, completos e radiantes,

selados pelo fogo

Pablo Neruda. O Sonho

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Marii Freire Pereira

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Imagem: pinterest/ america.aljazeera.com

Santarém, Pá 18 de junho de 2022

Publicado por VEM comigo!

Bacharela em direito, Pós- graduada em Direito Penal e Processo Penal.

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