O amor antigo vive em si mesmo,
não de cultivo alheio ou de presença.
Nada exige nem pede. Nada espera,
mas do que destino vão nega a sentença.
O amor antigo tem raízes profundas,
feitas de sofrimento e de beleza.
Por aquelas mergulha no infinito,
e por estas suplanta a natureza.
Se em toda parte o tempo desmorona
aquilo que foi grande e deslumbrante,
o antigo amor, porém, nunca fenece
e a cada dia surge mais amante.
Mais ardente, mas pobre de esperança.
Mais triste? Não. Ele venceu a dor,
e resplandece no seu canto obscuro,
tanto mais velho quanto mais amor.
Carlos Drummond de Andrade. O Amor Antigo
Carlos Drummond de Andrade. Literatura Comentada. Seleções de textos, notas, estudos biografico, histórico e crítico por Rit de Cássia Barbosa. 3° ed.. São Paulo: Nova Cultural, 1990
Marii Freire Pereira
https://Pensamentos.me/VEM comigo!
Imagem ( Arquivo pessoal)
Santarém, Pá 15 de junho de 2022

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