” Ora ( direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso! ” Eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vezes desperto
E abro as janelas, pálido de espanto…
E conversamos toda noite, enquanto
A via láctea, como um pátio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora: ” Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido!
Tem o que dizem, quando estão contigo?”
E eu vos direi: ” Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas. “
Via láctea. Soneto XIII ( Melhores poemas de Olavo Bilac, cit. p. 44)
Olavo Bilac. Literatura brasileira em diálogo com outras literaturas e outras linguagens. Atual editora. 5 ed. reform. São Paulo, 2013
Marii Freire Pereira
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Imagem: pinterest/ Amanda Raquel
Santarém, Pá 6 de junho de 2022