Sem lei nem Rei, me vi arremessado
bem menino a um Planalto pedregoso.
Cambaleando, cego, ao Sol do Acaso,
vi o mundo rugir. Tigre maldoso.
O cantor do Sertão, Rifle apontando,
vinha malhar seu Corpo furioso.
Era o Canto demente, sufocado,
rugindo nos Caminhos sem repouso.
E veio o Sonho: e foi desperdiçado!
E veio o Sangue: o marco iluminado,
a luta extraviada e a minha grei!
Tudo apontava o Sol! Fiquei embaixo,
na Cadeia que esteve e em que me acho,
a Sonhar e a cantar, sem lei nem Rei!
Ariano Suassuna. A infância
Marii Freire Pereira
https://Pensamentos.me/VEM comigo!
Imagem: pinterest/ Tempo de delicadeza
Santarém, Pá 1 de maio de 2022

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