Vejo-me triste, abandonada e só
Bem como um cão sem dono e que o procura,
Mais pobre e desprezado do que Job
A caminhar na via da amargura!
Judeu Errante que a ninguém faz dó!
Minh’a alma triste, dolorida, escura,
Minh’a alma sem amor é cinza, é pó,
Vaga roubada ao Mar da Desventura!
Que tragédia tão fundada no meu peito!…
Quanta ilusão morrendo que esvoaça!
Quanto sonho a nascer é já desfeito!
Deus! Como é triste a hora quando morre…
O instante que foge, voa, e passa…
Friozinho d’água triste…a vida corre…
Florbela Espanca. Hora Que Passa. Vol.2. Charneca em flor, Soror saudade, Reliquiae. Coleção L&PM POCKET. Porto Alegre, 2018
Marii Freire Pereira
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Imagem: Pinterest. The Bike Bastket Girl
Santarém, Pá 28 de dezembro de 2020