Enche o meu peito, num encanto mago,
O frêmito das coisas dolorosas…
Sob as urzes queimadas nascem rosas…
Nos meus olhos as lágrimas apago…
Anseio!Asas abertas! O que trago
Em mim? Eu oiço bocaa silenciosas
Murmurar-me as palavras misteriosas
Que perturbam meu ser como um afago!
E nesta febre anciosa que me invade,
Dispo a minha mortalha, o meu burel,
E, já não sou, Amor, Soror Saudade…
Olhos a arder em êxtases de amor,
Boca a saber a sol, a fruto, a mel:
Sou a charneca rude a abrir em flor!
Marii Freire Pereira
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Imagem: Pinterest. Portugal/ hardsadness
Santarém, Pá 13 de dezembro de 2020