Na vida nada tenho e nada sou;
Eu ando a mendigar pelas estradas…
No silêncio das noites estreladas
Caminho, sem saber para onde vou!
Tinha o manto do sol…quem mo roubou?!
Quem pisou minhas rosas desfolhadas?!
Quem foi que sobre as ondas revoltadas
A minha taça de oiro despedaçou?!
Agora vou andando e mendigando,
Sem que um olhar dos mundos infinitos
Veja passar o verme, rastejando…
Ah, quem me dera ser como os chacais
Uivando os brados, rouqueijando os gritos
Na solidão dos ermos matagais!…
Florbela Espanca. Mendiga. Poesia de Florbela Espanca. Vol.2. Livro de Soror saudade, Charneca em flor, Reliquae. Coleção L& PMPOCKET. Porto Alegre, 2018
Marii Freire Pereira
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Imagem: Pinterest. Casa Vogue
Santarém, Pá 6 de dezembro de 2020