[…]
Assim se forjam palavras,
assim se engendram culpados;
assim se traça o roteiro
de exilados e enforcados:
a língua a bater nos dentes…
Grandes medos castigados…
O medo nos incisivos,
nos caninos, nos molares;
o medo a tremer nos queixos,
a descer aos calcanhares;
o medo a bater a terra,
o medo a moldar os ares;
o medo a entregar amigos
à sanha dos potentados;
a fazer das testemunhas
algozes dos acusadis;
a comprar os ouvidores,
os escrivães e soldados…”
Cecília Meireles. Romance XLVI ou Do caixeiro Vicente. Romanceiro Da Inconfidência. Organização André Seffrin ( 13 ed.) São Paulo: Global, 2015
Marii Freire Pereira
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Imagem (Arquivo pessoal)
Santarém, Pá 16 de novembro de 2020