De uma viagem volto ao mesmo ponto,
por quê?
Porque não volto aonde antes vivi,
ruas, países, continentes, ilhas,
onde tive e estive?
Por que será este lugar a fronteira
que me elegeu, que tem este recinto
senão um látego de ar vertical
sobre meu rosto, e umas flores negras
que ao longo inverno morde e despedaça?
Ai, que me assinalaram:
este é o preguiçoso,
o senhor enferrujado,
daqui não se moveu,
desde duro recinto
foi ficando imóvel
até que endureceram seus olhos
e cresceu-lhe uma hera no olhar.
Pablo Neruda. [ DE UMA VIAGEM VOLTO]
Últimos Poemas ( O Mar e os sinos). Edição bilíngue. Tradução: Luiz de Miranda. L&PMCLASSICOSMODERNOS. Porto Alegre, 2018
Marii Freire Pereira
https://pensamentos.me/ VEM comigo!
Imagem: Pinterest. Dicas do Chile
Santarém, Pá 4 de novembro de 2020