Quero saber se você vem comigo
a não andar e não falar,
quero saber se ao fim alcançaremos
a incomunicação; por fim
ir com alguém a ver o ar puro,
a luz listrada do mar de casa dia
ou um objeto terrestre
e não ter nada que tocar
por fim, não introduzir mercadorias
como o faziam os colonizadores
trocando baralhinhos por silêncio.
Pago eu aqui por teu silêncio.
De acordo, eu te dou o meu
com uma condição: não nos compreender.
Pablo Neruda [ Quero saber]. Últimos Poemas. Edição bilíngue. Tradução de Luiz Miranda. Porto Alegre, RS: L& PM, 2018
Marii Freire Pereira
https://pensamentos.me/ VEM comigo!
Imagem: arquivo pessoal.
Santarém, Pá 12 de setembro de 2020