Um dia com delicadeza, voltaremos tocar em nossas lembranças [ memory], de um jeito harmônico. Embalaremos com respeito, parte do que formos outrora. Reviveremos o gozo, os dissabores e todas as inquietações pendentes. Decerto que essas lembranças nos fará sentir a sensação do que ficou guardado num canto, ” num encanto” misterioso, grandioso pela largura talvez, ou quem sabe pelo exagero, só pelo exagero das palavras…
É bom nos encontrar de vez em sempre. Assim podemos saborear a docilidade com lucidez, bem como, reviver as acres lembranças, (…), são elas, que permitem com que se enxergue a realidade do jeito certo, ou seja, ‘ dura. Porém, se sabe que é através das angústias que é possível nos reconciliar com nós mesmos, é o que se chama de ” estar- no- mundo”. É essa linguagem que de um jeito certo, suscita o valor daquilo que vamos recebendo na surdina…podemos dizer assim. Evidentemente que, tudo o que chega causa mudança, e pode ir aos poucos enfraquecendo a gente, dilacerando por dentro, diria.
Ora, essa mudança pode surgir numa linguagem doce. Ora, diria que ela pode sugerir uma curiosidade maior para que se possa compreender todo esse processo – complexo- mas que de um jeito tímido, vai-se compondo a melodia dos sentidos, das assombrações, do que reveste-nos da memória de passado e presente. São lembranças que, uma vez manifestadas, causam a sensação de fragilidade. São registros que apesar, da profundeza em si, mostra não só o tempo percorrido, mas o que junta, soma e evidentemente… agrega, dentro desse silêncio que constitue a vida e todo o seu significado.
A memória tem essa coisa de fazer uma sondagem íntima daquilo que somos, considerando basicamente tudo, ou seja, não abandona nada, pelo contrário, ela considera o nosso afastamento, bem como a nossa reconciliação com tudo, ou seja, a nossa humanidade. É a partir das sensações de coisas que nos permeada algo como, dor, angústia, sofrimento que ela reúne essas características meio que debochadando de nós, e nos lança rumo ao exterior, ou seja, acaba nos expondo. E assim, diante de nossas mazelas, nos reconhemos como ser humanos, pessoa de valor.
Somos julgados por nós mesmos, a memória é uma intimidade que nos amedronta por origem. Socialmente, somos seres transfigurados, e poeticamente, personagens.. sem recriminações. Não adianta morrer, a vida é uma ordem. Vivamos em paz com o que prossegue em estado de dormência dentro de nós
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Marii Freire Pereira
Imagem: Pinterest. nachozitsev
Santarém, Pá 31 de Julho de 2020
Adorei. Abraços. Bom final de semana.
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Obrigada!..
Às vezes, temos que fazer como diz o texto do Manoel de Barros ” Remexer em nossa memória fóssil, e encontrar por lá, o menino que brincava no terreiro de casa (…)
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