“Tenho fome da tua boca, da tua voz, de teu pêlo
e por estas ruas me vou sem alimento, calado,
não me nutri o pão, a aurora me altera, busco o som líquido de teus pés neste dia.
Estou faminto de teu riso resvalado,
de tuas mãos cor de furioso silo,
tenho fome da pálida pedra de tuas unhas,
quero comer teu pé como uma intacta amêndoa.
Quero comer o raio queimado em tua formosura,
o nariz soberano do arrogante rosto,
quero comer a sombra fugaz de tuas sobrancelhas
E faminto venho e viu olfateando o crepúsculo
buscando-te buscando teu coração quente…”
Pablo Neruda. Tenho Fome da Tua Boca.
Culturagenial.com
Imagem: Pinterest. Daniel Quarq
Marii Freire Pereira
VEM comigo!
Santarém, 7 de junho de 2020
