DE UMA VIAGEM volto ao mesmo tempo, por quê?
Por que não volto aonde antes vivi,
ruas, países, continentes, ilhas,
onde tive e estive?
Por que será este lugar a fronteira
que me elegeu, que tem este recinto
senão um látego de ar vertical
sobre meu rosto, e umas flores negras
que o longo inverno morde e despedaça?
Ai, que me assinalam:
este é o preguiçoso,
o senhor enferrujado,
daqui não se moveu,
deste duro recinto
foi ficando imóvel
até que endureceram seus olhos
e cresceu- lhe um hera no olhar.
Pablo Neruda [ DE UMA VIAGEM VOLTO..]
Pablo Neruda, ULTIMOS POEMAS ( O MAR e os sinos). Tradução: Luiz de Miranda. L&PM CLASSICOSMODERNOS.Porto Alegre Alegre, 2018
Marii Freire Pereira
https://pensamentos.me/ VEM comigo!
Imagem ( Arquivo pessoal)
Santarém, Pá 29 de agosto de 2021

Você precisa fazer login para comentar.