” É a hora em que o sino toca,
mas aqui não há sinos;
há somente buzinas,
sirenes roucas, apitos
aflitos, pungentes, trágicos,
uivando escuro segredo;
desta hora tenho medo.
É a hora em que o pássaro volta,
mas de há muito não há pássaros;
só multidões compactas
escorrendo exaustas
como espesso óleo
que impregna o lajedo;
desta hora tenho medo
É hora do descanso,
mas o descanso vem tarde,
o corpo não pede sono,
depois de tanto rodar;
pede paz – morte – mergulho
no poço mais eterno e quedo;
desta hora tenho medo…”
Carlos Drummond de Andrade. Anoitecer. A Rosa do Povo. Círculo do Livro. São Paulo, 1945
Marii Freire Pereira
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Imagem: Por Minas Gerais/ página do Facebook/ belezas de Ouro Preto
Santarém , Pá 19 de Maio de 2021

Maravilhoso! 💚💙 E que imagem linda!
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Linda sim, !🌻
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