É o “ Jeito “ Dele

Quem de nossas avós nunca ouviu dizer “ É o jeito dele”. Eu pergunto “ será?” Será que por trás de jeito, não há algo oculto? Nenhuma pessoa nasce com vício. Esse jeito que as nossas avós fazem referência, dizendo “ é o jeito dele, minha filha! ”, isso vem de onde? Eu me recuso a pensar que já nascemos preconceituosos, intolerantes e com desvios de caráter; a não ser que estejamos diante de psicopatas. Mesmo assim, a psicanálise tem uma explicação ao casos de sujeitos que tem desvio de caráter. Agora, jeito? E se “ fulano” tem, porque eu sou “ obrigada “ a concordar?

Durante séculos, nós mulheres fomos levadas a acredita que “ fulano” tem jeito. Ledo engano! A versão real dessa história mostra a face cruel da falta de ética do indivíduo. Ética essa que começa em casa, especialmente ao se considerar a questão atrelada a princípios e valores, conduta, assim como o próprio caráter. Todavia, falar em temas como esse parece espinhento demais, principalmente quando temos a clareza certeza que a base da educação entre meninos e meninas sempre foi desigual. A mulher por exemplo, foi criada para exercer um papel secundário, para “ aceitar” sem questionar; ser desrespeitada, sofrer abuso de toda natureza; violência e “ relevar” como viveram as nossas avós “ caladas” porque foram mulheres que nunca puderam contrariar o marido.

O Poder do homem era inquestionável

O poder do homem numa sociedade patriarcal revelara desde o princípio, ao que as mulheres eram submetidas, vigiadas; muitas vezes , vistas loucas ou transgressoras. Assim foram colonizadas, controladas para serem aceitas e quem ousasse, seria punida. Temos que admitir que “ o poder” que também é visto como uma metáfora, ele violenta, domina e faz do outro objeto, porque o reduz ao resultado que conduz a sua força.

Ao analisar toda essa questão referente ao poder, especialmente quando olhamos para a mulher, o tema violência, o fato das transformações históricas, o modelo em que sempre fomos tratadas; não é difícil compreender, e saber como foram utilizados inúmeras recursos para sujeitar, castigar, fazer-nos dóceis, submissas e acreditar em discursos como “ é o jeito dele” .

Se assim é, qual é a indagação a fazer? Nenhuma, porque tudo está sob controle. Veja, controle para quem não conhece a verdade. Pois, quem conhece, considera e questiona, porque só dessa forma a justiça se torna visível. O sofrimento que passamos ao longo de toda história, confronta a verdade; faz inclusive que, hoje possamos fazer as perguntas corretas e dizer “ aqui, não mais”.

Ora, não é curioso observar todas as formas injustas que sofremos? E isso não é falácia, é real, mas o que causa estranheza é ter que lidar com esse fantasma do passado; é ter que ouvir coisas inadmissíveis que coopera para uma série de abusos. Há quem diga que devemos “ perdoar “ os abusos que sofremos. Pois bem, eu afirmo que isso é inaceitável. Mais, é constrangedor as vítimas, é querer “ proibir” essas mulheres e meninas de terem direitos. Entenda que:

“ Abuso não é passível de perdão, como violência não é para calar.”

Não basta hoje ter conhecimento, é preciso confrontar o que ainda fornece esse pensamento de outrora, que tenta fazer com que possamos “ caber “ no “ jeito “ do outro. Não. Crime continua sendo crime! Eu não discuto isso. Abuso que nasce do “ jeito” da pessoa ser, tem que ser corrigido. Essa é a única maneira de fazer justiça a essas vítimas.

Marii Freire. É o “ Jeito Dele

https://Pensamentos.me/VEM comigo!

Imagem: Autoral

Santarém, Pá 30 de novembro de 2025

Publicado por VEM comigo!

⚖️ Bacharela em direito, Pós - graduada em Direito Penal e Processo Penal. 📚 Autora: MULHER Do ostracismo à luta pelos direitos nos dias atuais e O Amor Verdadeiro Contesta. Ambas as obras são lançadas em parceria com a Editora Viseu/ Brasil. . Palestrante

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