Como autora de um tema extremamente complexo como é a violência contra a mulher, os meus leitores já conhecem a minha fala, a maneira de como abordo esse assunto. Mas hoje, ao escrever que:
Por trás da ideia de “ homem protetor “ que a sociedade faz a mulher acreditar; reside o perigo que é “ a mascara do homem abusador “ que a mulher tem que lidar.
E lidar com uma “ suposta forma de proteção punitiva “, que vem acompanhada de abuso que muitas vezes, tenta “ justificar “ a tal da de proteção. Evidentemente que, ao falar do problema não se pode generalizar a situação, pois há homens que protegem e respeitam as mulheres. Porém, há uma parcela que usa de “ justificativas machistas” para agredir e praticar todo tipo de maldade. Veja, o que eu quero que você entenda é que há uma parcela dos homens que procedem de maneira diferente do real sentido de proteção. Por isso, o perigo e “ a construção de prisões” como me lembro o livro de Michel Foucault ao definir perfeitamente o papel do indivíduo na sociedade em “ VIGIAR E PUNIR/ Nascimento da Prisão. Nesse livro, ele define bem o lugar do indivíduo, os adjetivos relacionados a eles. Assim como, me faz claramente lembrar do lugar da mulher em nossa sociedade e o controle sobre ela. Se você fizer um paralelo do livro e o que estou falando, verá uma coisa fantástica nisso. Mas, eu sugiro que você leia a obra para não jugular por um ponto de vista miserável.
A ideia entre uma construção e outra que sugiro, dar- se pela pretensão do homem em procurar oferecer proteção e, para usar “ o mínimo” com a finalidade de manter o controle, para disciplinar e através da ideia de proteção, proporcionar “ o encarceramento “ da mulher. Ora, usemos aqui, um exemplo hipotético: “ um homem casada há 10 dez com uma mulher, controla tudo sem que ela saiba; coisas como rede social, amizades, roupas, a forma de como ela fala e com quem ela deve falar”. Um dia, a relação termina porque, ela não consegue lidar com as condições com que esse homem disciplina a relação. Veja, a mulher não tem vida própria. O lugar de proteção ( antes, visto como – o sonho dourado), tornou-se um lugar de disciplina; um espaço limitado onde só há uma vontade: a dele. Ela é simplesmente, a projeção da sombra desse homem, como ocorre especificamente, em relacionamentos doentios. E a mulher não suportando a forma de como é tratada, finda a relação.
Assim, ocorre o término da relação entre o casal. A vida continua e, ela conhece outro homem, com que passa a manter um relacionamento amoroso. O ex- não conformado com a situação ( tendo ciência de que ambos estavam separados), mas não aceitando o fim da relacionamento, continua vigiando a ex- mulher nas redes sociais. Em certa ocasião, ceifa a vida da mulher e justifica a sua ação como “ fiz pela minha dignidade “.
O Brasil é o 5º país no Ranking Mundial de feminicídio. Agora, avalie quantos feminicídios não acontecem dentro de condições como essa? Quantos homens não matam suas ex- esposas e companheiras por se sentirem verdadeiras autoridades? Quantos não as qualificam como “ vagabundas?” E aplicam disciplinares a quem os abandona. Neste caso, não se trata de abandono, mas de controle, gerado dentro de um universo de importância própria. O mérito deles continuam sendo/ tendo a morte como justificativa pela dignidade; outros falam em honra. Essas são falas bem delimitadas que reúne justificativas fúteis. E cooperam para um número absurdo de mortes de mulheres no país.
O perigo que há por trás das intenções de um homem com ausência de valores, que diz “ proteger “ uma mulher é muito perigoso. A vigilância e a disciplina quando não a adoece, por conta de dissimulações, controle e autoritarismo, a mata. A correção, o castigo e a eliminação de quem deveria oferecer “ proteção “; deixa claro que o sentimento moral é o que, apesar de não aparecer inteiro no coração do homem, em parte é, o que o controla as suas paixões. Portanto, não é a proteção, mas a punição que soa como resposta a não submissão ao mundo. Neste caso, faz- se necessário a cela, que o serve como uma espécie de “ muros” elevados sobre a própria consciência , tornando esse universo silencioso e propício ao encontro do homem mesmo, especialmente diante daquilo que não teve a capacidade de vigiar e oferecer proteção. Neste caso, a proteção não se fere ao outro, mas diz muito sobre a evolução de si mesmo, especialmente quando se refere ao comportamento e as próprias atitudes.
Marii Freire. As Armadilhas Por trás das Intenções
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Imagem: Marii Freire
Santarém, Pá 26 de setembro de 2025

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