Violência Contra a Mulher

A primeira expressão de violência contra a mulher é sempre uma ordem; nunca um tapa de imediato, que obviamente, é um tipo de ação agressiva muito mais profunda. Não, ela começa devagar através de pequenas situações diárias que acontecem na vida do casal. E conforme o tempo passa de ações pequenas a situações drásticas. ” A violência é progressiva “, e vai se estruturando ali, num campo onde ela encontra ” vantagens ” para isso.

A princípio, todo relacionamento é tomado de expressões genuínas de amor, de bom comportamento, de cuidado e respeito. Mas com o passar do tempo, por meio de ações diárias, esse casal começa a discordar de algo/ alguma coisa que é normal, até porque ninguém concorda com o outro em tudo. Mas, são nessas discussões que a pessoa controladora, em geral o homem vai dizendo à mulher, coisas como: ” Não use isso”. É comum também que ele a impeça de falar com familiares ou amigos, criando desculpas, coisas do tipo: ” Ah, por quê você quer viajar para casa de sua mãe? É longe; você vai me deixar sozinho aqui? Quer dizer, é um jogo de manipulação muito bem construído que a mulher não desconfia. Só com o tempo, ela observa que fica presa em casa fazendo tudo o que vai ” recebendo”, quer dizer, aquela ordem quase imperceptível, que  no caso, é um tipo suave de violência.

A violência contra a mulher é sempre mascarada por meio de questões que envolve todo um contexto do dia a dia. Um terceiro exemplo que posso acrescentar é quanto a vestimenta, ou seja “o tamanho da roupa”. É comum o homem dizer assim: ” Não coloque essa roupa”. Em geral, esse artifício é uma forma de controle que ele utiliza para dizer o que essa mulher tem que fazer para mantê- lá conforme ele quer. Ou em outra hipótese, ele usa isso como uma espécie de “ciúmes “, justificando que não quer que ” outros homens ” olhem para ela. A mulher por sua vez acredita que esse gesto, trata de uma prova de amor.

” Muitas mulheres são manipuladas e não sabem”

Grande parte das situações de violência doméstica ocorrem sem que a vítima de fato, compreenda o que acontece. Elas costumam confundir pequenos gestos de controle com amor, coisas como zelocarinho por parte do parceiro ou parceira, que no caso, pode vir de uma mulher também. É importante ressaltar que ” as pessoas quando estão apaixonadas, elas não veem ou não consideram àquilo que mais tarde, será motivo de suas reivindicações”; como vítimas desse tipo de situação, elas vivem acreditando que o que passa é normal e faz parte da relação.

Quando se trata de amor, de relacionamento, é preciso romper com essa visão ingênua de que o outro não tem um comportamento que no dia a dia, através de pequenas ações, possa praticar coisas que machuca ou fere o direito do parceiro. É por conta dessa visão limitada que muita gente vive relacionamentos doentios, é porque na prática, elas toleram comportamentos que fogem do patrão. Muitas mulheres fazem de tudo para manter- se dentro de situações que são prejudiciais  a própria saúde, porque toleram tanta coisa que no final adoecem. Amor que machuca não é amor. Não há amor naquilo que nos fere, que ordena que, desrespeita. Nós enquanto mulheres, não precisamos nos submeter à  ordem do outro. O amor não escraviza. Se isso acontece, fique muito atenta, porque ” Nenhuma relação construída na base da dor, suporta o peso da realidade.” E quando suporta, a mulher paga um preço caro por isso.

Marii Freire. Violência Contra a Mulher

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Imagem: Marii Freire/Tik Tok

Santarém, Pá 9 de dezembro de 2024

Publicado por VEM comigo!

⚖️ Bacharela em direito, Pós - graduada em Direito Penal e Processo Penal. 📚 Autora: MULHER Do ostracismo à luta pelos direitos nos dias atuais e O Amor Verdadeiro Contesta. Ambas as obras são lançadas em parceria com a Editora Viseu/ Brasil. . Palestrante