Historicamente, é sabido que a mulher sofre violência e que o seu silêncio, durante séculos, acabou ajudando a potencializa essa forma ” perversa “ e egoísta que muitos homens têm de se relacionar com as suas namoradas, esposas e companheiras. E porque também existe um agravante que é o fato, de vivemos numa sociedade machista, onde infelizmente, aceita essa violência de forma natural. Violência que nasce na forma doentio do casal se relacionar, acaba impactando muito a saúde da mulher. Lembrando que, em se tratando de relacionamento abusivo, o homem vive o mesmo problema que a mulher. Claro, numa proporção muito menor. Mas, diante do que vemos pelas próprias circunstâncias atrelada a essa realidade negativa, a mulher acaba sendo mais prejudicada que do homem em nossa sociedade.
Falar de relacionamento abusivo é olhar para a violência; a violência que acaba dizimando vidas diariamente. Mas, não é só isso, é também uma forma de chamar atenção a saúde mental dessas vítimas.
É sabido que a atualidade vem trabalhando o tema saúde mental com muito mais frequência, especialmente, porque a humanidade vem vivendo nos últimos anos, muitos transtornos. As pessoas têm adoecido com mais frequência. Temos visto a manifestação de muitas como, a ansiedade, depressão, distúrbios alimentares, dores de cabeça frequentes e até mesmo, a mais agressiva dessas doenças que é o câncer Aqui, especificamente, o intuito desse trabalho é falar de como o relacionamento abusivo pode trazer danos à saúde da mulher. No caso, refiro- me a saúde dessas vítimas que ficam presas dentro desse tipo de situação durante anos.
Para entendermos melhor essa situação é preciso trabalhar a questão da violência doméstica, do sofrimento e as alterações que isso causa no organismo das pessoas. C. G. Jung acabou usando o termo sombra para referir-se aquilo que se rejeita. Para ele, tudo o que se rejeita acaba se transformando em sombra. ” A sombra é o maior perigo para as pessoas, pois elas a têm sem conhecê- lá e sem saber que existe ” ( Dahlke, 1999, p. 42)
Para Jung, o fato de você ignorar algo, é o que ajuda adoecer. Agora, imagine quantas mulheres ignoram a importância daquilo que vivem dentro de seus relacionamentos, às vezes por amar, em outras, por não saber ou ter forças para manifestar o quanto a forma de tratar do namorado ou marido as machuca.
Não o bastante os números que certificam essa situação, assim como aqueles que revelam uma estatística assustadora, eles nos faz olhar para a violência contra a mulher, como uma realidade cruel, mesmo diante de tantas mudanças significativas que temos culturais e sociaisa; a violência contra a mulher é uma Chaga Social que precisa ser olhada com a devida atenção que merece. ” Temos mulheres morrendo todos os dias, por um preço muito barato”. Essa violência aumenta a cada ano, só para se ter uma ideia, “Em 2023 a Central de atendimento à Mulher, do governo Federal recebeu quase 75 mil denúncias de violência pelo 180”, conforme você pode acompanhar esses dados no site do Senado Federal.
Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o Brasil registrou 1.463 casos de feminicídio em 2023. Número que preocupa bastante, por conta do aumento dessa violência. Lembrando que o crime de feminicídio, conforme a Lei – n⁰ 13.104/2015 entra no rol dos crimes hediondos com penas mais altas que variam de 12 a 30 anos de prisão. Esses crimes são praticado por conta tanto do menospreza ou discriminação à mulher pela sua condição.
Segundo Guilherme de Souza Nucci, em Manual de Direito Penal, o autor do homicídio qualificado, o crime é motivado por diversas circunstâncias, tais como, ciúmes, traição e outras razões (2017, p. 612)
Nessa perspectiva voltada aos relacionamentos interpessoais íntimos, diante de dados que foram apresentados, e considerando o resultado negativo dessa violência na vida da mulher, bem como, a questão do feminicídio; fato também mencionado aqui, falar sobre essa questão atrelada ao relacionamento abusivo, é uma forma de trazer à baila discussões no sentido de haver uma conscientização maior sobre esse tema; sabendo exatamente da sua complexidade, e que em alguns casos, ele pode levar a morte da mulher. Portanto, se faz válido todo esforço para ajudar essas vítimas. lembrando essas mulheres dos riscos à saúde mental e emocional que elas correm, quando decidem viver esse tipo de relação.
Segundo a psicóloga e psicanalista Cássia Rodrigues que falou ao site Folha Vitória em março de 2023, a respeito de relacionamento abusivo, ela disse o seguinte: ” o que muitos negligenciam é que em uma relação tóxica, a saúde mental da pessoa é a primeira a ser atingida “. De fato, muitas mulheres parecem não atribuir importância a maneira grotesca de lidar do parceiro. Claro, como resultado, essas elas adoecem porque vão acumulando muita. Isso as fazem desenvolver por exemplo, transtornos do sono, terem palpitações, indisposição, dor de cabeça, ansiedade, depressão e muitas outras razões que traga consequências negativas a saúde emocional, como culpa e tristeza, que é o que acaba sendo resultado de uma espécie de “punição” à mulher que vive dentro dessa lógica. De modo geral, os relacionamentos abusivos, eles expõem essas mulheres a riscos emocionais e psíquico.
A rejeição à ideia de não lutar contra o problema, faz com que os números em relação a violência contra as mulheres, aumentem significativamente, porque desse processo, digo ” dos casos de abusos” dos sinais ignorados por elas, dos atos violentos que pode começar por um empurrão, até de fato, a concretização dessa violência propriamente dita, onde mostra não só a insuficiência dessa mulher e ao mesmo tempo, insensibilidade do parceiro abusivo, em não ouvi- lá, não respeitá-la, convergindo assim, para um final que traz muito sofrimento. Às vezes, o sofrimento não só para a mulher, mas para família inteira, principalmente, quando já há filhos.
Quando se fala de relacionamento abusivo, estamos visando a questão das emoções, dos sentimentos, do nosso estado emocional, de como reagimos, seja reprimindo, escondendo aquilo que sentimos, porque não queremos muitas vezes, deixar transparecer que algo não vai bem. Mas não podemos ser assim, porqueo ser humano adoece. Isso sem falar no cenário devastador como é o da violência doméstica, que é onde toda essa pressão se multiplica.
O grande problema aqui, não é ignorar essa realidade. Mas, é o resultado negativo que ela ocasiona, é o que gera, impacta diretamente na saúde da mulher. Do mesmo modo, se chama atenção à violência novamente. Segundo, a Organização Mundial da Saúde ” O Brasil tem a quinta maior taxa de feminicídio no mundo”. Junto a esses dados, temos o do Anuário Brasileiro de 2023 e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Onde, revela que parceiros íntimos praticam cerca de 19,4% desses crimes e ex- parceiros, 10,7%. Ainda conforme essa pesquisa, 7 em cada 10 mulheres foram mortas dentro de casa, ali no momento em que há maior tensão nessa relação, que é o término, onde às vezes, por esse homem não aceitar o fim daquela relação, ele ceifa a vida da mulher.
Levando em consideração a complexidade e dimensão do problema, a saúde mental da mulher, – tema que tem impacto no mundo todo, assim como a face da violência; nós vamos continuar conversando numa série de textos para ajudar essas vítimas a identificar se têm um parceiro ou parceira. Aqui não importa se o problema ocorre com pessoas do mesmo sexo, se ele dar- se na ordem homem x homem ou mulher x mulher. Todos podem ser abusivos e praticar violência. Lembrando que nenhum amor, vale a nossa saúde mental e emocional.
Marii Freire. Relacionamento abusivo: por que esse tema tem ganhado cada vez mais visibilidade e gerado discussões
https://Pensamentos.me/VEM comigo!
Fontes: PSICANÁLISE HUMANISTA
https://www.portalcienciaevida.com.br
https://www.folhavitoria.com.br
https://dossiees.agenciapatriciagalvao.org.br
PSICOLOGIAS/UMA INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE PSICOLOGIA
ANA M. BAHIA BOCK/ Mestre em Psicologia Social pela PUC- SP
ODAIR FURTADO/Mestre em Psicologia Social pela PUC- SP
MARIA DE LURDES T. TEIXEIRA/ Psicologa e Psicanalista.
Editora Saraiva. 10ª edição. São Paulo, 1997I
Imagem: pinterest/ Céu de Borboletas
Santarém, Pá 29 de maio de 2024

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