Chico Buarque

” Amou daquela vez como se fosse a última

Beijou sua mulher como se fosse a última

E cada filho seu como se fosse o único

E atravessou a rua com seu passo tímido

Subiu a construção como se fosse máquina

Ergueu no patamar quatro paredes sólidas

Tijolo com tijolo num desenho mágico

Seus olhos embotados de cimento e lágrimas

Sentou pra descansar como se sábado

Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe

Bebey e soluçou como se um náufrago

Dançou e gargalhou como se ouvisse música

E tropeçou no céu como se fosse um bêbado

E flutuou no ar como se fosse um pássaro

E se acabou no chão feito um pacote flácido

Agonizou no meio do passeio público

Morreu na contramão, atrapalhando o tráfico

Amou daquela vez como se fosse o último

Beijou sua mulher como se fosse a única

E cada filho seu como se fosse o pródigo

E atravessou a rua com seu passo bêbado…”

Chico Buarque. Construção

https://m.letras.mus.br

Marii Freire Pereira

https://pensamentos.me/ VEM comigo!

Imagem: Chico ParaTodos/ Meta/ Facebook

Santarém, Pa 14 de novembro de 2021

Publicado por VEM comigo!

Bacharela em direito, Pós- graduada em Direito Penal e Processo Penal.

6 comentários em “Chico Buarque

Comentários encerrados.

%d blogueiros gostam disto: