Do nascer ao morrer: evoluímos

Eu imagino que uma das experiências mais prazerosas do ser humano seja essa proposta de passar pela vida, ou seja, nascer. Só que nascer é doloroso. É doloroso para o emocional, para o físico. Às vezes, doloroso pra gente que não tem condição de trazer uma criança ao mundo e oferecer uma vida digna.

Todo o processo da vida em si é doloroso. Desde quando uma mulher carrega uma criança em seu ventre ela, vez ou outra sente algum desconforto. Algumas não, elas são agraciadas, nem enjoo dizem sentir. Já tem outras que sentem o período da gestação inteiro. Eu, como mulher e mãe senti, não o período todo da gestação. Mas, devo confessar que além de algumas situações, houveram também momentos prazerosos. Em minha opinião aquele momento em que a criança se mexe é muito dinâmico porque é uma sensação muito gostosa vermos “a barriga toda torta, rsrs…” seguindo os movimentos da criança “. Vamos avançar.

Você como mulher caso ainda não tenha passado por esse processo, certamente, se isso for uma escolha opcional, vai compreender o que estou falando. Falar de gravidez é resumir a edição de um filme do inconsciente. É uma experiência muito boa, mas como dito: tem os seus prazeres e dissabores.

Eu comecei falando que nascer é doloroso. Sem duvida. Nascer é um processo longo de dor para mãe e a criança. Por mais que nos alegremos com a chegada de uma criança, a mãe passa por um processo psicológico que evidencia essa questão do sofrimento, da preocupação por antecipação. Você interioriza que o parto ” dilacera” uma parte inteira de nós. Não é apenas o físico, é também o psicológico, é importante frisar isso, faz parte de nossa história.

Em minha opinião, há um prazer que gera dor. A a notícia de um parto para uma mulher é trabalho psicologicamente, não quando ela engravida. É ainda, na fase de criança, quando colocam uma boneca em nossos braços salientando que aquela cena é algo importante e sim, fará parte de nossa realidade. Claro, falo isso observando por exemplo, a questão de se puder ter uma criança sem precisar de uma cesariana. “Se for por vias naturais, melhor para a mulher”. Melhor nada. Talvez, seja difícil imaginar a vida sem dor. ” Nascer dói “. Há um esforço para expulsar a criança, e dói pra ela também passar por um espaço que, mesmo sendo ideal, é apertado. “Passar pelos desconfortos”, certamente, é um preparo para a vida. Bem, a vida nos inspira, mas também causa receios, devo confessar.

Não pensem que isso deva ser encarado como um drama, não. Eu estou chamando atenção para algo importante, na verdade, estou dizendo que ‘as melhores experiências da vida são dolorosas’. São dolorosas na chegada e na partida. Isso assombra? Não sei a você, mas, eu prefiro não fazer drama. O melhor é encarar a realidade.

Ao nascermos não temos consciência da dor. Ainda não se viu nenhum ser humano falando de modo extraordinário a respeito do não conhecera. A medida que evoluímos e vamos descobrindo as certezas, e também nos deparamos com os incômodos. Vivendo algo que não gostamos, ficamos carrancudos. É a respeito disdo que falo, a evolução tanto no psicológico e no físico, naquilo que comunicamos e naquilo que optamos por ser intocável. Todo ser humano passa por um conjunto de experiências que oferece essa oportunidade de classificar como boas e não boas. Eu acredito que as dificuldades são boas para nos fazer viajar em nos mesmos .

A nossa história existencial, ela ao longo da vida é repleta de conflitos, assim como, situações que coopera para o nosso bem-estar. Há uma complexidade que cada um tem que aprender a lidar com os seus sentimentos. De repente, a gente se pega numa sociedade injusta, falhamos de várias formas, mas temos de crescer, sim ” continuar se desenvolvendo ” para no momento derradeiro, novamente passar por um segundo processo doloroso que é a morte. Você vê que lá início, não há imaginação, reflexão, interiorização de nada. Sabemos porque um adulto nos conta, mas no final da vida, levamos uma bagagem e tanto.

É bom viver, mas a vida não deveria ter tanta restrição, ” estreitamento ” entende? O que nos ajuda a compreender se essa experiência é boa ou não, é o fato de nos deparamos com coisas como: afetividade, cuidado, generosidade. Isso sim, faz diferença na construção particular de conhecimento de cada um. E a pergunta que considero mais importante aqui e não deixaria de fazer éa seguinte: “E quando se morre?” Qualquer vestígio de memória some. Quem somos antes de nascer? O que nos tornamos depois que nos vamos? ‘A vida fermenta de todas as formas’, mas em relação a essa pergunta, não se tem resposta. Por isso, deixe dizer algo a você: ” encarre a dor, não como algo que te impeça de fazer o que deseja”. Você pode, eu posso…mesmo dentro de nossas limitações. O importante é não nos abandonarmos. O sentido maior da vida é saber contornar as dificuldades, e encarar os desafios produzindo informações das quais poderemos tirar alguns privilégios. Isso também é saber multiplicar a vida.

Marii Freire Pereira

https://pensamentos.me/ VEM comigo!

Imagem & criação: Marii Freire

Santarém, Pá 17 de Julho de 2021

Publicado por VEM comigo!

Bacharela em direito, Pós- graduada em Direito Penal e Processo Penal.

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