Carlos Drummond de Andrade

Amor é privilégio de maduros

estendidos na mais estreita cama,

que se torna a mais larga e mais relvoso,

roçando, em cada poro, o céu do corpo.

É isto, amor: o ganho não previsto,

o prêmio subterrâneo e coruscante,

leitura de relâmpago cifrado,

que, decifrado, nada mais existe

valendo a pena e o preço do terrestre,

salvo o minuto de outro no relógio

minúsculo, vibrando no crepúsculo.

Amor é o que se aprende no limite,

depois de se arquivar toda a ciência

herdada, ouvida. Amor começar tarde.

Carlos Drummond de Andrade. Amor e seu Tempo. Textos Selecionados. Nova Cultural. São Paulo, 1990

VEM comigo!

Marii Freire Pereira

Imagem: Pinterest

Santarém, Pá 12 de junho de 2020

Publicado por VEM comigo!

Bacharela em direito, Pós- graduada em Direito Penal e Processo Penal.

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