” Como é possível que o amor se mostre impotente assim
Ante o outro pelo qual o sacrificam os homens,
Trocando a primavera que brinca na face das terras
Pelo outro tesouro que dorme no fundo baboso do rio!
É noite! é noite!.. E tudo é noite! E meus olhos são noites!
Eu não enxergo sequer as barcaças na noite.
Só a enorme cidade. E a cidade me chama É pulveriza,
E me disfarça numa queixa débil e comedida,
Onde irei encontrar a malícia do Boi Paciência
Redivivo. Flor. Meu suspiro ferido se agarra,
Não quer sair, enche o peito de ardência ardilosa,
Abre o olhar, e meu olhar procura, flor, um tilintar
Nos ares, nas luzes longe, no peito das águas,
No reflexo baixo das nuvens.
São formas…Formas que fogem, formas
Indivisas, se atropelando, um tilintar de formas fugidas
Que mal se abrem, flor, se fecham, flor, flor, informes,
inacessíveis…”
Mário de Andrade. Meditação sobre o Tietê. Nova Cultural. São Paulo. 1990
VEM comigo!
Marii Freire Pereira
Imagem: Pinterest
Santarém, Pá 10 de junho de 2020

Abrindo meu olhar para o 🌍
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Eu sempre gosto de começar o dia com ele ou com Drummond.
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